Micropênis é sintoma de síndromes genéticas

Imagem: Uol

A maioria dos homens é insatisfeita com o tamanho do seu pênis e gostaria de aumenta-lo. Mas para 0,6% da população masculina mundial – o que no Brasil representa em torno de 600 mil homens – o tamanho realmente é um problema sério, que atrapalha toda a vida adulta, social e sexualmente. São os portadores de micropênis, cujos tamanhos estão em até 3 cm de comprimento em flacidez e até 9 cm de comprimento em ereção, fugindo muito do tamanho médio natural de pênis que, para os brasileiros, está entre 13 e 17 centímetros de comprimento em ereção.

O micropênis, por si só, não é uma doença, mas pode ser um sinal de alguma síndrome genética, em especial as que comprometem a produção ou recepção do hormônio masculino, a testosterona. Pode ser também resultado de uma má formação desenvolvida na vida intrauterina, naquele momento onde ocorre a diferenciação do masculino e feminino. Nessa hora, alguns genes deveriam se apropriar de sua definição e isso acaba por não acontecer. É quando vamos ter também, em alguns casos, o hermafroditismo, androginia ou más formações, como testículos que não “descem” para a bolsa escrotal, rotação da bolsa escrotal (acima do pênis), a uretra que não chega até o final do pênis, entre outras.

Geralmente o micropênis funciona normalmente e, muitas vezes, o homem consegue ter uma vida sexual satisfatória se não se sentir constrangido pelo tamanho, o que é difícil de acontecer. Na maioria dos casos, ele é identificado e tratado ainda na infância/adolescência, por pediatras, endócrinos e cirurgiões infantis. No entanto, muitas vezes, médicos do sistema público de saúde “deixam passar” o problema, sem fazer nenhuma investigação genética para determinar a causa. Tivemos um único caso, no consultório, em que o médico do SUS identificou o problema e nos encaminhou o adolescente para tratamento.

Algumas das causas identificáveis do micropênis são a deficiência do hormônio do crescimento e/ou gonadotrofinas; pequenos graus de insensibilidade a andrógino; diversas síndromes genéticas e diversas variações com genes homeobox. Os genes homeobox são segmento de genes reguladores do desenvolvimento embrionário de animais, fungos e plantas. A atuação destes genes se dá por outros genes que, por sua vez, produzem proteínas que vão se ligar e influenciar a atividade de outros genes, sucessivamente em um efeito cascata. Alguns tipos de micropênis podem ser tratados com hormônio do crescimento ou testosterona no início da infância.

Alguma das principais síndromes causadoras do micropênis são:

  • Síndrome de Kallmann: na qual a maioria dos casos é diagnosticada na altura da puberdade devido à falta de desenvolvimento sexual e perda parcial ou total do olfato (anosmia) em ambos os sexos;

  • Síndrome de Prader-Willi: crianças com essa síndrome apresentam baixo Apgar ao nascer, dificuldade de sugar, choro fraco e são muito pouco ativos, dormindo a maior parte do tempo. Raramente conseguem ser amamentados. Seu desenvolvimento neuro-motor é lento, tardam a sentar, engatinhar e caminhar. Os sintomas da síndrome variam de indivíduo para indivíduo.

  • Síndrome de Noonan: esta síndrome é considerada um tipo de nanismo, que acomete 1 em cada 2.500 indivíduos nascidos vivos, afetando ambos os sexos igualmente. Os pacientes também apresentam face incomum e malformações múltiplas, abrangendo doença cardíaca congênita, além de retardo mental (25% dos casos) e órgãos genitais pouco desenvolvidos.

  • Síndrome de Klinefelter: A síndrome ocorre quando uma pessoa do sexo masculino apresenta um cromossomo X a mais, ficando com cromossomos XXY, que pode levar a problemas complexos. É um tipo de síndrome muito comum, afetando aproximadamente 1 em cada 660 pessoas do sexo masculino e não é uma doença hereditária, mas uma falha genética. Entre os sintomas estão desenvolvimento motor lento, em que a criança demora mais tempo do que a média para aprender a sentar, engatinhar e andar, atraso na fala, testículos que não desceram; na adolescência podem apresentar estatura maior que a média, puberdade ausente, atrasada ou incompleta, menos pelos, ginecomastia, micropênis, timidez; e na vida adulta, falta de pelos, na face e corpo, diminuição do desejo sexual, infertilidade.

  • Nanismo de Laron: esse é um distúrbio caracterizado pela baixa estatura por causa de um defeito no receptor do hormônio do crescimento, com falha em produzir o fator de crescimento a partir do hormônio do crescimento. A síndrome de Laron é resultado de mutação do gene humano GHR no cromossomo 5.

  • Hipopituitarismo: é uma doença pouco comum, causada pela diminuição da atividade da hipófise que resulta em deficiência de um ou mais hormônios hipofisários. Sintomas dependem de qual dos oito hormônios da hipófise deixou de ser produzido. Entre eles estão a baixa estatura, infertilidade, intolerância ao frio, cansaço e incapacidade de produzir leite materno. O diagnóstico é baseado na medição dos níveis no sangue de hormônios produzidos pela hipófise e em exames de diagnóstico por imagem realizados na glândula.

  • Resistência Androgênica: a síndrome de insensibilidade androgênica (AIS em inglês) ou Síndrome de Morris é uma condição caracterizada pela incapacidade parcial ou total da célula para responder aos andrógenos como a testosterona. Esta falta de resposta da célula prejudica ou impede o desenvolvimento do pênis no feto, bem como o desenvolvimento de características sexuais secundárias em indivíduos masculinos na puberdade, mas não prejudica significativamente o desenvolvimento de características sexuais femininas.





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